O que é o Budismo e qual sua importância para a China?
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O que é o Budismo e qual sua importância para a China?

Cada um dos nossos alunos conheceu o mandarim e a cultura chinesa por um caminho diferente. Alguns se inspiraram nas artes marciais presentes em diversos filmes e jogos chineses. Outros foram conquistados pelo paladar, graças à rica culinária chinesa, que, com mais de 4 mil anos de história e uma grande variedade de territórios e povos, oferece uma vasta seleção de pratos para todos os gostos.

Há também aqueles que se conectaram com as espiritualidades e filosofias da China, como é o caso do Allan. Ele estudou no Clube de Chinês e compartilhou um pouco de sua trajetória aprendendo mandarim e descobrindo a cultura chinesa conosco. Hoje, vamos falar sobre a religiosidade na cultura chinesa, especialmente o budismo, suas ideias e influências.

Se a espiritualidade e as filosofias chinesas te motivam a aprender mandarim, continue lendo e descubra mais sobre o budismo na China e como a conexão com a cultura chinesa é importante para os estudantes de mandarim.

O que é o Budismo e qual sua importância para a China e para os estudantes de mandarim?
Grande Buda de Leshan. O maior do mundo, com 71 metros de altura e 28 metros de largura, foi esculpido por um monge chamado Haitong nas montanhas de Leshan e Emeishan. 

Quando o budismo chegou na China? 

O budismo entrou inicialmente no território chinês durante o início da dinastia Han Oriental (25–220 d.C.). O budismo chinês, como hoje conhecemos, é fruto de longos processos de significação das doutrinas, práticas e instituições budistas, como a formação do cânone budista chinês e a formulação de vocabulários de ensinamentos.

A orientação predominante do budismo chinês é a tradição Mahāyāna, uma designação autodenominada criada para se distinguir das primeiras escolas budistas que eram pejorativamente rotuladas como Hīnayāna, ou Pequeno Veículo.

Desenvolvendo-se gradualmente alguns séculos após a vida do Buda, a tradição Mahāyāna destacou o ideal do bodhisattva, no centro do qual estava a preocupação compassiva pelo bem-estar de todos os seres e a busca obstinada pelo caminho para o estado de Buda.

Mas, como o budismo chegou na China?

No processo de sua história, crescimento e evolução na Índia e em outros lugares, o Budismo passou por mudanças profundas. Adaptando-se às normas culturais locais e respondendo às mudanças sociopolíticas, desenvolveu uma variedade surpreendente de ensinamentos e tradições. 

Durante a sua longa e memorável história na China, o Budismo desenvolveu doutrinas, práticas, tradições e expressões artísticas, exercendo influência em vários aspectos da sociedade e cultura chinesas. Você pode conhecer um pouco sobre os templos budistas da China, neste vídeo: 

A adoção chinesa do Budismo abriu novos horizontes intelectuais e novas sensibilidades estéticas que enriqueceram a civilização chinesa, se tornando, assim, uma grande força disseminadora da cultura chinesa, seja no passado ou nos tempos atuais. Ao se adaptar ao meio social e cultural da China, o Budismo sofreu mudanças significativas que passaram a refletir visões de mundo distintamente chinesas. 

Os primeiros seguidores e missionários budistas chegaram à terra do povo Han através da fronteira noroeste do império, acompanhando caravanas mercantes. Eles vieram ao longo da chamada Rota da Seda, a famosa rede de rotas comerciais que ligava a China à Ásia Central e à Pérsia, com estradas auxiliares que se ramificavam no Sul da Ásia e mais a oeste, conduzindo até ao mundo mediterrânico.

Nessa altura, o Budismo já tinha uma presença bem estabelecida na Ásia Central, que continha vários reinos mais pequenos cujos mercadores, alguns dos quais eram budistas, controlavam grande parte do comércio ao longo da Rota da Seda. 

A maioria dos missionários budistas eram khotaneses, kushans, sogdianos entre outros povos da Ásia Central. Assim, na maioria das vezes, a transmissão do Budismo não envolveu o estabelecimento de uma ligação direta entre a Índia e a China. Em vez disso, os ensinamentos, rituais e práticas trazidos para a China foram, assim, influenciados por variedades do budismo da Ásia Central.

O estabelecimento do Budismo na China

Monges e mosteiros eram fundamentais para o budismo e eram parte integrante da paisagem religiosa indiana. No entanto, no contexto chinês, eram vistos como algo estranho e incomum em um primeiro momento.

Na China, houveram segmentos da elite que expressavam opiniões negativas sobre o budismo, alguns deles argumentaram que a religião estrangeira estava em desacordo com os valores e as normas sociais chinesas, que nesse ponto da história chinesa, já estavam moldados pelo pensamento confucionista. 

O Budismo conseguiu estabelecer-se entre os chineses e o seu crescimento acelerou durante o período de 311 d.C. à 589 d.C. Essa foi uma época de deslocamento social e fragmentação política, à medida que tribos não-chinesas estabelecem impérios que governaram as partes do norte do antigo império Han, enquanto o sul era governado por uma série de dinastias chinesas nativas. 

As doutrinas budistas evocavam comparação com aspectos da filosofia taoísta, enquanto as práticas budistas apresentavam uma semelhança reconfortante com algumas das disciplinas espirituais do taoísmo religioso. Tanto nos círculos de elite como nos círculos populares, essas semelhanças facilitaram a apreciação e a aceitação dos ensinamentos budistas, uma vez que podiam ser relacionados com modelos intelectuais nativos e entendidos como variações exóticas de temas e práticas religiosas familiares. 

Com a crescente familiaridade com o Budismo, os chineses tornaram-se mais bem equipados para interpretar e abordar a religião importada nos seus próprios termos, embora dentro do contexto da sua cultura. Muitos chineses recorrem a eles como fontes de verdades e valores religiosos, tornando o Budismo uma das principais religiões da China. 

Budismo e cultura chinesa

O budismo na China gerou caminhos criativos para a expressão artística, além de instituir uma infinidade de práticas de culto e outras técnicas de cultivo espiritual. Traços budistas podem ser encontrados em obras literárias seculares, poetas e escritores. Casos notáveis da era Tang são a poesia de Wang Wei – 王维 (wáng wéi) (701–761 d.C.) e Bai Juyi – 白居易 (bái jū yì) (772–846 d.C.).

O Budismo durante este período também foi marcado por uma criatividade artística notável, como as das estátuas e relevos encontrados nos extensos complexos de arte rupestre em Longmen – 龙门 (lóng mén) e Yungang – 云岗 (yún gāng) ou os afrescos de Mogao – 莫高 (mò gāo) que estão entre as maiores realizações artísticas das civilizações chinesas. 

Durante esta época, o Budismo também foi exportado para outras partes da Ásia Oriental que estavam sob a influência cultural da China, primeiro para a Coreia no século IV e depois para o Japão no século VI. Assim, o budismo continuou também serviu como um veículo de vários elementos da cultura chinesa para os países vizinhos. 

Com o apoio financeiro de imperadores e aristocracia, além do forte apoio da população, os mosteiros budistas tornaram-se uma parte importante da economia chinesa. Essas contribuições foram fundamentais para a construção e manutenção de mosteiros e santuários.

Além das doações regulares, os mosteiros também possuíam extensas terras cultivadas por servos e alguns também operavam empreendimentos comerciais. Parte das doações e atividades comerciais foram utilizados para a caridade, como a prestação de ajuda aos pobres e doentes, através dos quais o Budismo prestou valiosos serviços sociais. 

Os templos também desempenhavam papel de centro da vida social realizando comemorações que dispunham de performances artistas, comércio em feiras. Tudo isso somando-se à assimilação de festividades budistas no calendário chinês, chegando a se tornar parte integrante de certas celebrações tradicionais como o Festival das Lanternas – 元宵节 (yuán xiāo jié). 

O que te motiva a aprender mandarim?

Allan gosta muito da cultura oriental, especialmente pela China, o que fez com que ele estudasse no Clube de Chines. Seu interesse pelo budismo foi um ponto de virada significativo, levando-o a iniciar seus estudos em mandarim para mergulhar mais profundamente em suas pesquisas. Ele também nos contou sobre seu interesse em estudar na China, aprofundando seu conhecimento não apenas na língua, mas também na cultura que tanto o inspira.

Em nossa conversa, Allan compartilhou uma dica valiosa para os estudantes de mandarim: apaixonar-se pelo mandarim diariamente. Buscar constantemente novas formas de motivação para estudar o idioma é fundamental, seja através da cultura, séries, músicas ou outros conteúdos que proporcionem imersão na língua. Seu conselho é simples e poderoso: ouça muito, escreva muito, leia muito e explore tudo o que a língua e cultura chinesa têm a oferecer.

Confira a conversa que tivemos com Allan

Budismo, cultura chinesa e aprendizado de mandarim 

Se o seu interesse pelo budismo também te motiva a aprender mandarim. Uma maneira interessante de enriquecer seu aprendizado é explorar o vocabulário relacionado ao budismo. Aqui estão alguns termos básicos para você começar:

  1. 佛陀 (fó tuó) – Buda
  2. 佛教 (fó jiào) – Budismo
  3. 寺庙 (sì miào) – Templo
  4. 元宵节 (yuán xiāo jié) – Festival das Lanternas. Tradição chinesa que se originou na dinastia Han, quando a população notou que monges budistas penduravam lanternas nos templos no décimo quinto dia do Ano Novo Lunar em homenagem a Buda.

O estudo do budismo pode ser uma excelente forma de encontrar motivação e significado em seu aprendizado de mandarim, especialmente se você se interessa por espiritualidade e filosofia. Assim como Allan fez, conectar-se com aspectos culturais específicos pode enriquecer sua experiência e torná-la mais pessoal e envolvente. 

Pedro, também pode me chamar pelo meu apelido em chinês 阿雷 (A Léi). Fascinado pelas culturas da Ásia, estudo mandarim desde 2010 e fui para a China aperfeiçoar meus conhecimentos na língua, durante o período de 12 meses entre 2012 e 2013, indo de novo para lá mais duas vezes depois,em Hong Kong (2016) e em Shanghai na 华东师范大学 Huádōng Shīfǎn Dàxué (2023).
Pedro Freitas 阿雷
Pode me chamar pelo meu apelido em chinês 阿雷 (A Léi). Fascinado pelas culturas da Ásia, estudo mandarim desde 2010 e fui para a China aperfeiçoar meus conhecimentos na língua, durante o período de 12 meses entre 2012 e 2013, indo de novo para lá mais duas vezes depois,em Hong Kong (2016) e em Shanghai na 华东师范大学 Huádōng Shīfǎn Dàxué (2023).

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