De aluna a professora de mandarim: minha trajetória com a China
Antes de me tornar professora de mandarim no Clube de Chines, eu já era uma pessoa apaixonada por aprender. Sempre senti que o aprendizado dá sentido à minha vida, seja ele qual for: artes, ciências, idiomas etc.
Em 2020, eu trabalhava como atendente em uma casa de chá, não estudava e nem imaginava que me tornaria professora de mandarim um dia. Estava há um ano sem me preparar para vestibulares, depois de ter sido desclassificada pela terceira vez. Coincidentemente, comecei a receber com frequência a sugestão para assistir “Os indomáveis” na Netflix, vinda do próprio site de streaming, e um dia decidi me render e assistir. Foi amor “ao primeiro episódio”.
Entre amores platônicos e uma estranheza muito forte pelo idioma, eu comecei a me apegar a uma fala específica de um personagem, o Nie Huaisang, que era repetida muitas vezes durante vários episódios: “我不知道,我真的不知道”. Eu repetia essa fala na minha cabeça muitas vezes, mas sem realmente pensar no sentido dela. Um dia, enquanto lavava a louça, ouvia de fundo o diálogo dos personagens enquanto a série passava na televisão, e então essa fala foi repetida e finalmente fez sentido na minha cabeça. Eureca! Pela primeira vez, eu consegui entender o que foi dito sem precisar de tradução. Naquele momento, pensei: “bem, talvez mandarim não seja tão difícil quanto dizem.”
Primeira aula de mandarim com o Clube de Chinês
Em um domingo de folga do trabalho, eu decidi assistir a uma aula de chinês livre no canal Pula Muralha, que já conhecia e acompanhava antes. Passei alguns dias estudando por conta própria, até que uma amiga, a Manu, que fazia aulas no Clube de Chinês, me contou que a escola faria uma promoção do 11/11, e eu aproveitei para comprar o curso. Desde então, eu não parei mais de estudar mandarim. Fui me aprofundando na cultura através de vídeos, músicas e séries, acompanhando artistas e criadores de conteúdos sobre a China e o mandarim.
Intercâmbio para a China
Eu terminei o Chinês 2 do Clube de Chinês e, até então, o Chinês 3 não havia sido lançado. Por isso, comecei o nível intermediário no Instituto Confúcio na Unesp e lá descobri a oportunidade de ir para a China em um intercâmbio linguístico, algo que já estava nos meus planos desde que comecei a estudar mandarim. Me inscrevi no programa de um ano na Universidade de Hubei e a aprovação no intercâmbio veio ao mesmo tempo que a aprovação no vestibular brasileiro.
Por conta da pandemia do Covid-19, nós tivemos que adiar a data do início do intercâmbio por um ano, o que me permitiu concluir o primeiro ano da Universidade. Mas quando chegou o momento de me preparar para a viagem, veio a dúvida se eu deveria trancar o curso na universidade que me esforcei por tanto tempo para conseguir e ir seguir meu sonho mais recente. Os conselhos dos amigos e parentes eram sempre a favor da viagem. “É uma oportunidade única!”, diziam todos com quem conversava sobre a indecisão. Decidi ir. E foi a melhor escolha que eu fiz.
Em março de 2022, embarquei para Wuhan. No meu intercâmbio para a China, vivenciei o ano mais incrível da minha vida. É claro que nem tudo são flores, e os três primeiros meses foram muito difíceis. Eu não conseguia me acostumar com a comida chinesa, tinha crise de pânico sempre que precisava me comunicar em mandarim, sentia saudades de casa. A verdade é que, diante da mudança drástica na minha vida, e mesmo sabendo que era tudo graças a um grande esforço, eu não tinha autoconfiança.
Eu não acreditava que era capaz de me adaptar a um país tão longe do meu e a uma cultura tão diferente da minha. Mas o tempo foi passando, me comunicar em mandarim foi ficando mais fácil e natural (devo meus agradecimentos ao povo chinês tão recepitivo e educado, que sempre comentavam: “哇哦!你的中文很好!”. Eu ainda não acreditava muito, mas isso ajudou muito na minha autoconfiança), a culinária chinesa foi se tornando um tesouro novo a ser desvendado, ao invés de um fardo com o qual eu não queria lidar (sentia muita falta de arroz e feijão), e Wuhan foi se tornando minha casa.
Fiz algumas viagens, conheci muitos amigos chineses, me aproximei dos professores, até subi de nível no segundo semestre do curso, do intermediário para o avançado. Me apaixonei pela China.
De aluna a professora de mandarim
Lá em Wuhan, soube que a Sisi e o Lucas tinham acabado de se mudar. Um dia recebi uma mensagem do Lucas me convidando para conversarmos. Foi a primeira vez que encontrei os dois pessoalmente. Durante a conversa, veio a proposta de fazer parte da equipe do Clube de Chinês, como professora de mandarim.
Foi uma surpresa tão grande, até porque seria um passo importante para mim, ir de aluna à professora de mandarim na primeira escola de chinês da minha vida. Então, quando decidi voltar ao Brasil para terminar a faculdade, combinamos que eu me tornaria oficialmente professora de mandarim no Clube de Chinês, o qual é para mim uma grande alegria.
Mesmo já sendo professora de mandarim, minha jornada com o idioma continua. Apesar de ajudar outros no aprendizado deste idioma milenar, eu própria continuo estudando e aprendendo dia a dia. Espero voltar ainda para a China quando me graduar, seja como aluna ou simplesmente como turista, pois um ano não é suficiente para aprender nem um terço da história, da cultura e da raiz do idioma. Como diz o provérbio chinês “学如登山”, “estudar é como escalar uma montanha”, e eu ainda estou longe do topo.
E se você quer começar a sua jornada com o mandarim, dê o primeiro passo participando do Curso de Chinês Gratuito no Clube de Chinês. Essa é uma excelente maneira de descobrir como a Cultura chinesa pode transformar sua vida, como transformou a minha.
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