Para além do óbvio: cidades chinesas que valem a pena conhecer!

Recentemente, dei dicas de roteiro em Pequim e Xangai, as cidades mais famosas da China. Hoje, vou falar de três cidades chinesas que visitei e que me surpreenderam positivamente, mesmo sendo menos conhecidas por nós brasileiros!

Por que conhecer a história da China?

A história milenar da China conta com inúmeras dinastias, batalhas internas e disputas com outros países, tornando sua história como nação complexa e muito interessante.

Você pode conhecer a história da China através de diferentes óticas, por exemplo, através da história das artes marciais chinesas, das suas dinastias e conquistas que as definiram, das mais de 50 etnias presentes no país e muito mais possibilidades.

Começar a entender melhor esse vasto mundo chinês é ampliar horizontes e uma das formas de se fazer isso é viajar pela China. Conhecendo as cidades abaixo também estive em contato com partes da China que nunca pensei em conhecer e pude aprender mais sobre a cultura chinesa.

Cidades chinesas fora do comum

Harbin

Você sabia que uma parte do território chinês já fez parte da Rússia? 

Quando visitei Harbin, descobri que a cidade fazia parte da região chamada Manchúria e que foi dominada pelos russos até 1917. Por isso, a influência da cultura russa na cidade é visível em sua arquitetura, culinária local e até mesmo é possível ver placas em russo ao andar pela cidade. Foi uma experiência única, onde vivenciei a junção da cultura chinesa com a cultura russa. 

A cidade é muito conhecida pelo Festival de Neve e Esculturas de Gelo – 哈尔滨国际冰雪节 (hā ěr bīn guó jì bīng xuě jié), que ocorre todo ano de dezembro a fevereiro. Hoje, já é considerado o maior do mundo e realmente valeu muito a pena a viagem.

Logo em seguida à minha viagem para Pequim no começo de fevereiro, parti para Harbin durante o Ano Novo Chinês. Ao contrário de outras atrações, que costumam ficar extremamente lotadas durante o feriado nacional, senti que a cidade estava menos lotada que Pequim e foi possível curtir com tranquilidade.

Só tinha quatro dias em Harbin e a temperatura estava sempre entre -15 e -5 graus, por isso tinha que me planejar muito bem para aproveitar a cidade.

No primeiro dia, visitei a rua de pedestres Zhongyang – 中央大街 (zhōng yāng dà jiē), onde já era possível ver esculturas de gelo com luzes coloridas de forma gratuita e realmente é muito bonito e diferente de tudo que já tinha visto.

No segundo dia, conheci a atração principal. Cheguei por volta de 15h no Festival de Neve e Esculturas de Gelo e foi uma ótima decisão porque tive uma hora para ver o festival durante o dia e também curti bastante à noite.

São mais de duas mil esculturas de neve e você pode curtir o passeio ouvindo a música que toca em um palco, enquanto bebe um chocolate quente e tira foto de tudo! No final da noite, também me aventurei e fiquei duas horas na fila para descer o escorregador de gelo. Nessa parte, foi um pouco mais difícil porque ficar parado aumenta o frio. O celular da minha amiga Nicole que estava me acompanhando parou de funcionar em determinado momento para conservar a bateria, pois a temperatura já estava em cerca de -30C. 

No terceiro dia, fomos explorar o centro da cidade. Pela primeira vez na China, tive a oportunidade de visitar uma igreja! Era a Igreja de Santa Sofia, com arquitetura russa e muito impressionante. Ao redor, os prédios também tinham estilo europeu e pude me aventurar nos cafés e lojas locais.

Harbin tem uma ótima mobilidade urbana. Com o metrô, você vai para todos os lugares e as atrações turísticas são fáceis de achar. Foi uma das minhas melhores viagens pela China e recomendo para todos que queiram conhecer um destino único de inverno!

Zhangjiajie

Aproveitei o feriado do primeiro de maio, Dia Internacional do Trabalhador, para viajar pela China. Com um clima já de primavera-verão, optei por conhecer mais a beleza natural chinesa e fui para um dos destinos mais famosos: a cidade de Zhangjiajie, na província de Hunan. 

Famosa por ter servido de cenário inspiração do planeta Pandora para o filme Avatar (2009), suas montanhas impressionam já à primeira vista e promovem uma viagem bem diferente das que tive anteriormente, onde transitei principalmente pelo meio urbano chinês.

Meu local favorito dessa viagem foi o Parque Florestal Nacional de Zhangjiajie – 张家界国家森林公园 (zhāng jiā jiè guó jiā sēn lín gōng yuán). Majestoso, o ingresso permite que você o visite por até 4 dias seguidos e, realmente, a vastidão do parque exige pelo menos três dias para curtir bem todos os seus pontos, sem pressa. 

Lá, você vai conhecer a região do parque Yuanjiajie – 袁家界 (yuán jiā jiè), hoje conhecida como “As montanhas de Avatar”. Quando terminei de subir os degraus e me deparei com a paisagem, entendi porque o primeiro Parque Florestal da China era muito famoso já antes do filme ser gravado. A formação rochosa parece proposital, como se cada bloco de pedra tivesse sido colocado um em cima do outro, formando uma paisagem única. O ar é fresco, é possível se deparar com macacos pelo caminho e você realmente se sente imerso na natureza chinesa. 

Teleféricos, elevadores e degraus tornam a trilha pelo parque mais tranquila do que eu esperava. No entanto, o preço também acaba ficando um pouco mais salgado devido à estrutura promovida. Como estudante, comprei o ingresso do parque por 116 yuan (aproximadamente 83 reais) e o acesso a todos os meios de transporte no parque foi 298 yuan (aproximadamente 213 reais).

Também visitei a famosa Ponte de Vidro e o Grande Canyon de Zhangjiajie – 张家界大峡谷玻璃桥 (zhāng jiā jiè dà xiá gǔ bō lí qiáo). A ponte realmente é impressionante e a paisagem mais ainda! Existem também nesses parques elevadores, escorregadores, barcos e outros meios de entretenimento. Dessa vez, fiz a tirolesa para ter essa experiência aqui na China e também fui no escorregador, de vidro. Foi muito divertido, um passeio ideal também para crianças! A água do lago ao redor da montanha era de um verde cristalino, muito impressionante.

Para finalizar a visita, fui à Montanha Tianmen, uma das mais famosas na China. Para subir até lá, você precisa se sentar a bordo do teleférico mais longo do mundo, cujo trajeto total ultrapassa sete quilômetros. Infelizmente, nesse dia estava um clima nublado e, pela altura da montanha, no seu topo havia ainda mais nuvens e muita neblina. Não consegui aproveitar como gostaria, então minha dica seria ficar de olho no clima antes de ir e apenas optar pelo passeio se estiver bem calor. 

A viagem para Zhangjiajie foi cheia de surpresas e me permitiu um contato maior com a natureza! Com certeza, pretendo fazer mais viagens desse tipo no futuro. 

Furong

Durante a viagem de Zhangjiajie, tirei um dia para visitar uma cidade antiga bem próxima: Furong. 

Já chegando na cidade, você verá que ela foi construída ao redor de uma cachoeira. De cara, me senti em contato direto com a cultura chinesa. Construída há mais de 2000 anos, é a casa do povo da minoria étnica Tujia e sua presença é evidente na culinária local, junto com lojas de artesanato e roupas específicas deste povo. 

Não tinha um plano muito elaborado para essa cidade, apenas queria passar um tempo passeando e apreciando a paisagem natural, No entanto, lá descobri passeios que quero fazer numa próxima viagem. O Parque Geológico Nacional da Pedra Vermelha exibe rochas que datam de até 500 milhões de anos atrás. É possível se antecipar e agendar uma visita com agência de turismo ao local. 

Na cidade, aproveitei e assisti a um espetáculo de dança e outra apresentação de música e dança da etnia Tujia, ambos inclusos no ingresso de 108 yuan (aproximadamente 78 reais) para acessar a cidade antiga. 

À noite, a cidade é um espetáculo por si só, já que os edifícios antigos são iluminados e o contraste com a cachoeira é incrível. 

Foi uma das viagens mais leves e com cenários mais bonitos que fiz aqui na China! Valeu muito o bate e volta. 

E você, tudo pronto para vir para a China?

Se vir para a China é um sonho seu, não deixe de acompanhar o canal da Pula Muralha, no Youtube, onde você pode acompanhar o dia a dia da Sisi e do Lucas na China. E claro, para quem quer explorar a China falando mandarim, o Clube de Chinês é a opção perfeita para dar os primeiros passos no idioma!